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DIARIO POPULAR, LISBOA, 24-8-1972

NO MUNDO DA POESIA EXPERIMENTAL AMERICANA

QUALQUER TIPO DE POESIA DEVE PARTIR DA NATUREZA E DA HUMANIDADE...

— declarou-nos Ben Porter, fisico e poeta

HAVIA- NOS chegadod a noticia de que Bern Porter, americano que exibe no seu cartao de visita os titulos de fisico assistente, poeta, editor dos seus proprios livros e presidente do Instituto de Pensamento Avancado, estava, de visita fugas, em Lisboa. E logo a nossa reportagem o procurou e descobriu a verdadeira identidade do poeta-cientista, autor de um livro intitulado «Founds» (coisas achadas), que sera publicado em Portugal ainda este ano, e tambem de um ensaio; «Deixei Um Manifesto e Um Testamento de Ciencia e Arte (Sciart)», cujo apendice contem ideias e notas «indispensaveis para os proximos duzentos anos», segundo afirmacao dele.

E um homem grisalho, de pequena estatura e sobre o forte, a rondar os 50 anos, este fastcinante cientista que ama a poesia, ou este poeta que nao pode deixar de incluir a ciencia nos sues trabalhos literarios. Um topico de realce no mundo de hoje, em que, aparentemente, se cava cada vez mais o fosso entre as artes e as ciencias. Bern Porter fecha os olhos quando fala, curva ligeiramente a cabeca e cobre a cara com as maos. Vive cada palavra que diz, parece isolar-se do que o rodeia quando pensa. O vocabulo e um mundo rico e misterioso, um poco para onde o poeta mergulha e la descobre tesouros que transporta para a superficie, atraves da sua sensibilidade.

[Bold] — Interessa-me (e cultivo) a poesia experimental... e desio-quei-me a este vosso maravilhoso pais porque, como americano, tenho grande respeito e admiracao pela poesia portuguesa... Certos temas tratados por ela, como a tristeza, o sentimentalismo e o destino, atraem-mos sobremaneira... Penso, ate, que a poesia americana esta em debito para com a vossa... Voces descobriram o mundo, Portugal e um pais velho e novo simultaneamente, ha que respeitar a tradicao, primeiro, para, em seguida, se voar para e futuro... [end bold]

— Como define a poesia experimental que cultiva?

[Bold] — A poesia experimental e como um passeio pela praia, onde se descobre uma pedra bonita e, depois, e leva-la para casa e guarda-la numa prateleira, durante anos... Um poeta descobre milhoes e hilhoes de palavras e acaba por encontrar uma combinacao arbitraria delas que o excita. Agarra numa tesoura, recorta-as, e e um «found poem» (um poema achado). [end bold]

Contou-mos que Picasso, um dia, encontrou, por acaso, um selim de bicicleta e, mais tarae, um guiador ainda de bicicleta, juntou ambas as pecas e chamou ao conjunto «a found bull» (um touro achado). Picasso deve, assim, ser considerado precursor desta nova tecnica literaria.

[Bold] — Os americanos estao a faxer, nesta momento, o mesmo, mas com palavras... penso que seja um passo adiante em relacao ao imagismo de William Carlos Williams, por exemplo...



no seu cartaoPorpoeta, fisico assistente, vis ita os titulos a

editor dos seus pr6prios livros e presidente do Institute de Pensamento Avan<;ado, estava, de visita fugaz, em Lisboa . E logo a nossa reportagem o procurou e descobriu a verUm poeta dadeira identidade do ra, durante anos . •. milhoes de descobr4! milhoes • poeta-cientista, autor de palavras • acaba por encontrar um livro intitulado um• combina~io arbitraria de«Founds» (coisas acha- las que o excita. Agarra numa ""' teso..-a, recorta-as, • das) , que sera publicado dound poem• ( um poema iach•em Portugal ainda este do ). a.no, e tambem de um enContou-nos que Picasso, um saio; «Deixei Um Mani - dia, encontrou, por acaso, i.m festo e Um Testamento de selim de bicicleta e, mais tarCiencia e Arte (Sciart)». cie, um guiador ainda de biciambas as pe<;as e cujo apendice contem cleta, juntouconjunto «a found chamou ao ideias e notas «indispen- bull» (um touro achado). Pisaveis para os pr6ximos casso deve, assim, ser cansldeduzentos anos», segundo rado prE!CI.R'SOf' desta nov.i tecni ca li tef'n. afirmac;ao dele. - Os americano, 11tio a fa• f um homem grisalho, de pequena estatura e sobre o· forte, 50 anos, este fas cinante cientista que ama a ooesia. ou este poeta que nio oode deixar de incluir a ciencia nos seus trabalhos literarlos. Um t6pico de realce no mundo de hoie, em que, aparentemente, se cava cada vez mais o fosso entre as artes e as ciencias. Bem POf'ter fecha os olhos quando fala, curva ligeiramente a c•be<;a e cobre a cara com as mios. Vive cada palavra que diz, parece isolar-se do aue o rodeia quando pensa. 0 vocabulo e um mundo rico e misterioso, um poc;o para onde o ooeta mergulha e 16 ~scobre tesouros que transporta para a \U• perficie, atraves da sua sensibilidade. - lnterena-me f• cultivo) a poesia experimental... • desloquei-me a est• vosso maravilh- pail porque, como americano, tenho grande respeito e admi,ac;io pela poesi• portugulu ... Certos tentas tratados por 1la, c,omo a tristeu, o sentimen. talismo e o destino, atraem-nos sobremoaneira . . . Penso. ate. qN a poesia americana esta em debito para COM • v - .. . Voch descobrirlffl o 111undo, Portu• g&I e UM pa~ velho • novo 1'1multi..ea,me-nte, ha 111111 ~pei tar a tradic;io, pr<imeiro, para, a rondar os

• - Como define a poesla · experimental oue cultiva? - A poesia experimental 6 como um pa1Mio pela praia, onde II descobre uma pedra bonita e, depois, i leva-la par1 casa I guarda-la numa pr,tel•I·

te, qua! e o tipo de experlmentalismo poetico a que se dedk:a? - Na America, agora, ha quatro correntes principals que fasciMm .. . sio os «Foun••, de que ja fa lei, 01 «Dos•, os «Dich• 11 o «Scipoe,, . .. Perante o nosso ar de interrog~ao. Bem Porter foi buscat" • sua mala de materiais e come<;ou a explicar: - Os «Dou estio a prove,!llr'ancle etttmiasmo. .. na .,_ ha O verbo «to cto• ( ,._ ser) e HNlll&e N ~~oea

exemc,!o que lhe IMISSO dar • a .. .,.._10 «clrittk eoftJ• ( be1,.a ruavemente), que contem um,a acc;ao de fazer ... 01 poetas NIIIPN tlwenm WII leldimen.to lllll'ito especi., - · ,._ l~ao • palawn ... Qv• ver-. tros tipo cte «Dosal (e tirou e da pasta uma seri- de papeis com recortes colados que nos foi most1"ando): 1) «Try th• lit• (experlmente o assento) . 2) «Changes la couleur de ( mude a cOf' dos 'IFOI yeux•

seus olhos. 3 ) «Concentrate on the chryunthe111uH ( concentre-se no crisantemo•. 4) .eo- a long way fro• basic blacb ( caminhe a partir de um negro b6slco I • - I necenirio , que comece por um verbo . •• - aluntou. Bern Porter mostrou, • seexemplos de outros lJUlr. «Founds•: - late poema ch•••· M .Sh.... ,.......__.,., ....... llestellNNlo: No brusll ( nio hA pince!) ......._ (nao hA espuma de Csabio) IIO blNft (nlo hA llmlnas) 110 blood ( nlo h6 sangue) empurre I H push ( nio

ENTREVISTA DE

JOAO ALVES DA COSTA ser, neste momento, o -mo, 111as com palavras ... penso que reseja um passo adiante la~ao ao im&gisfflo cte William Carlos Williams, por exemplo ... 0 imagismo e uma oorrente poetica que teve la,rga voga nos anos 30 e dai para a frente, e que consta da assun<;io de um poema como uma estrutura organica independente, o voc6bulo como uma celula. um grupo de palavras como um tecido aut6n0fno, que nada deve a realidade exterior e assenta • sua vida or6pria na combina~ao (~t&f6rica OU imagisnca) de vocabulos. Ezra Pound, William Carlos Williams, sio alguns dos expoentes maximos de$se movimento liter6rio. - 0 poeta portuguh lorge de Sena, radicado nos Estados-U nidos, tem lido dot qN 111a.e 111e tem influenciado ... It pen• qlN 111ai1 poe,ta,s VO.OS nlo N desloquem ate la e nos ajudem ... - Mas, esp e c 1 f i c amen-

pois r ~ -N e colam-te nta folha cte papel . . . o

(COllffzlua

IICI

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NOVI DAD ES

LITERARIAS OBRAS DE VITORINO NEMtSIO Um autor clAsslco da llteratura

portuguesa

Bern Porter

ONDAS MtDIAS

..,., cle fomta ,..,,_tativa, tlerivam cte.e verbo ... fas - H bem, fas-se ~ . tas-se o pos1ivel, lio exemplos. . . A M11sio do poeta e remeter-H a - af'diuo ~ a tho . • pesquliontait, revistas. etc., .... _.,,... combinac;oes cte vocibulos ....,.., tim de come~M sempre por um Vfl'bo, e de-

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